INOVAÇÕES LOCAIS SUSTENTAVEIS DA ECONOMIA SOLIDARIA NA AMERICA DO SUL
Criterios. Campos de aplicação. Inventário. Mapeamento. Inclusão em rede

Pôr em luz  o papel  dos atores da economia solidária
e territorializar o desenvolvimento sustentável

 

Inventariar, classificar, mapear, difundir, partilhar, discutir, semear e articular, em linhas colaborativas e em ligações interativas, as inovações sustentáveis locais da economia solidária podem contribuir conjuntamente na sua coerência, seu crescimento e sua sustentabilidade e permitir a territorialização da sustentabilidade, a  estimativa dos seus atores e o desenvolvimento local na América Latina.
Mas este programa pode também servir à emergência institucional e científica na escala mundial deste terceiro polo de racionalidade econômica, que reatualiza e requer a prática da sustentabilidade pelo local e para a sustentabilidade global e na qual o ator civil é reconhecido como um parceiro maior.
O programa de mapeamento de uma economia, baseado no princípio  da reciprocidade e concebido por pessoas que se associam livremente e respondem civilmente às necessidades locais criando elos materiais e imateriais e novas relações de solidariedade local, contemplara inicialmente seis campos chaves : *Fabricação de bens a partir da recuperação do lixo ou de materiais renováveis  *Turismo    *Finanças   *Agricultura rural e urbana *Produção cultural, artística e artesanal  *Comércio

Este programa propõe às comunidades locais de considerar-se como atores da regulação descentralizada da sustentabilidade da economia global e de apoiar o desenvolvimento na escala mundial de um terceiro pólo de racionalidade econômica que permita a sustentabilidade de dar senso e direção à globalização econômica : territorializar o desenvolvimento sustentável.
O mapeamento será posteriormente continuado e ampliado pelos atores da economia solidária por meio da implantação da rede ESSAS  e será estendido aos continentes europeu e africano.


Pertinência. Objetivos.  

Ao introduzir em seu objeto social o imperativo da adaptação das necessidades humanas às capacidades globais da natureza, este polo, construído sobre lógicas diferentes daquelas baseadas em rivalidades ou regulações centralizadas, poderia ser capaz de renovar as abordagens econômicas e internacionais do desenvolvimento sustentável, ainda dominadas pelas racionalidades, conjugadas ou concorrentes, mas tanto quanto impotentes, da dupla Estado-Mercado.

 

 

Fundamentada no principio da reciprocidade, sem  estar desprovida do “espirito de empresa” e do espirito de risco,  a economia solidária participa da eficiência econômica e social dos modos de organização econômica local. É o caso na América Latina e principalmente no Brasil em que ela se encontra presente localmente em vários campos de atividades e se manifesta por uma implicação contributiva e redistributiva localizada, misturando fluxos materiais e fluxos simbólicos.  Seu funcionamento baseia-se num hibridismo equilibrado, associativamente construído, entre diversas lógicas (recursos de mercado, recursos não mercantis da redistribuição, recursos não monetários, recursos monetários obtidos de intercâmbios equitáveis ou de finanças solidarias).

O programa ESSAS, que alia conceitos, trabalho de campo e tecnologias avançadas da informação, vai permitir o debate, estimular a pesquisa, sensibilizar as populações  e desenvolver a capacidade de reflexão dos atores da economia solidária. Ele tornará visíveis as atividades da economia solidária que respondem aos critérios da sustentabilidade. Ele contribuirá ao desenvolvimento das cooperações, dos intercâmbios de informação e das boas práticas entre seus atores e ainda facilitará suas articulações locais, continentais e intercontinentais. Portanto, ele aumentará a coerência do conjunto de suas atividades. Ao permitir as trocas de informação entre seus atores e os produtores de conhecimentos, poderia ainda ajudar a economia solidária a ser reconhecida como um ator de eficiência e de sustentabilidade da economia local e de suas amenidades e, a tornar-se um polo local de regulação decentralizada da sustentabilidade da economia mundial.

Os procedimentos científicos e os valores éticos do Programa ESSAS participarão na resolução ao fato de que, em América Latina e nomeadamente o Brasil, o cooperativismo ainda sofre de uma imagem negativa, conseqüência dos vínculos políticos dos seus regimes anteriores.

Em longo prazo, o desenvolvimento deste polo de racionalidade econômica, que  reúne autonomia doméstica, responsabilidade social, criação  civil e novos elos sociais  tanto na escala local como na mundial,  dará  a seus atores o poder de contribuir na formulação  de politicas públicas, local e mundial, mais equilibradas e mais coerentes.  Aumentará desse modo, o poder de influência do ator local e do ator civil mundial sobre os agentes da economia de mercado para que estes adotem comportamentos mais éticos e mais responsáveis, na melhoria da proteção da natureza, no respeito à diversidade cultural, nos direitos humanos e no bem estar das populações, de quem depende a sustentabilidade da economia e deve ser o seu objetivo.

Consequentemente, a economia solidária  é nem uma economia da pobreza   nem uma economia para os pobres. É uma ambição que deve permitir a (re) territorialização da sustentabilidade que não é um conceito territorial mas um conceito holístico e global.

Ligando proteção ambiental, desempenho e inclusão social, pensando o local como território de iniciativas e de projetos, preservando a autonomia do desenvolvimento local, articulando a sustentabilidade local para a sustentabilidade global,  insistindo sobre a necessidade de associar inovações, sustentabilidade e economia solidária, conjugando luta contra a pobreza e sustentabilidade ambiental e inserindo-as no  contexto do desenvolvimento local nas suas articulações com a regulação descentralizada da sustentabilidade da economia mundial, o Programa ESSAS oferece uma alternativa às políticas institucionais da luta contra a pobreza que são fundadas sobre a assistência.

A realização desta alternativa exige primeiro o conhecimento e o reconhecimento dos  “saber-fazer” populares locais e a utilidade social, à escala local, nacional  e mundial, dos atores da economia solidaria,  a formação dos seus gestores e a capacitação dos seus empreendedores.

 

 

Permitir a auto estimativa individual e colectiva dos actores  directos da economia solidária, deveria ser o objectivo  prioritário dos estruturas institucionais e não institucionais que participam  nesta luta, cujo os produtores institucionais e não institucionais de conhecimentos.

Focando na integração da proteção ambiental e dos sistemas de informação na economia solidaria, o programa ESSAS pode destacar a eficiência local e o interesse nacional dos agentes de uma economia que participa na coesão social na América do Sul e especialmente no Brasil. O programa pode identificar as atividades que desenham as comunidades locais globais. Localizadas, mas interligadas local, nacional e global, elas são capazes de agir para a sustentabilidade global e sua implementação pelo local.